domingo, 18 de novembro de 2012

Bob, o gato londrino

A história de um gato vira-lata que salvou a vida de um homem já vendeu mais de 250 mil cópias. O livro Um gato vira-latas chamado Bob tornou-se um sucesso ao contar como o bichano salvou a vida de seu dono, o músico de rua James Bowen. E agora deve virar um filme de sucesso: o agente que fechou o acordo do filme “Marley & eu” já
está negociando a compra dos direitos autorais do livro.

Bob é um gato tigrado laranja que costuma acompanhar o dono, o músico James Bowen, em suas andanças pelo centro de Londres. Bowen é um músico de rua e ganha dinheiro tocando nas ruas, uma prática conhecida como busking. Ao final da apresentação, ele diz “Vamos, Bob, toca aqui!”, e o gato imediatamente estica a pata para fazer o cumprimento. A plateia vai ao delírio.
 
Bob não é um gato comum. Ele tem conta no Twitter, com mais de 12 mil seguidores, sua própria página no Facebook e até um grupo de admiradores, o Gatos de Rua, que lhe manda fotos, mensagens e presentes. Sem contar seu próprio best-seller, traduzido para 18 línguas.
O livro escrito por James Bowen, Um gato chamado Bob, é uma crônica de como ele, um músico de 33 anos que já morou na rua e foi viciado em heroína, deu uma virada na vida com a ajuda do gato. O livro já rendeu cerca de R$ 105 mil ao músico – mas a expectativa é que esse número deve saltar quando o acordo com a produtora de Hollywood for fechado. A agente literária Mary Panchos, que descobriu James e Bob pedindo dinheiro na rua, foi quem fechou o acordo para que o livro Marley & eu (sobre a história do “pior cachorro do mundo”) se transformasse no filme com Jennifer Anniston e Owen Wilson, que faturou mais de US$ 110 milhões nas bilheterias.

Há pouco mais de cinco anos, Bowen estava tentando se recuperar do vício da heroína quando encontrou Bob. O gato estava faminto e bem machucado, abandonado em uma escadaria num bloco de apartamentos de um conjunto habitacional no norte de Londres. “Eu estava se escondendo num canto, todo machucado, coitadinho”, ele contou ao jornal britânico Daily Mail. Ele perguntou pela vizinhança, mas não achou o dono. Ele limpou sua ferida, comprou remédios (que lhe custaram mais do que um dia tocando na rua). “Era o último dinheiro que eu tinha, mas eu achei que tinha de ajudar o Bob. Sempre gostei de gatos”, disse.

Quando o bicho melhorou, ele tentou soltá-lo. “Achei que era um gato de rua”, lembra. Mas Bob não ia embora. “Eu saía de manhã para ir tocar e ele me seguia pela rua, até onde podia. Quando eu voltava, ele estava me esperando. Até que um dia ele me seguiu e entrou no ônibus comigo!”.
Depois disso, James Bowen comprou uma coleirinha para o gato e passou a levá-lo. O gato subia no seu ombro durante as viagens em transporte público. “Ele é um gênio”, brinca o dono. Logo no primeiro dia, enquanto ainda estava abrindo o case do violão, as pessoas começaram a deixar moedas. No final do dia, ele tinha quase o triplo de um dia normal. Com o tempo, as pessoas começaram a se acostumar a ver o músico e o gato juntos e passaram a trazer brinquedos e comida para Bob. Até roupinhas. “Alguém deu de presente um cachecol púrpura. Depois disso muita gente queria dar um cachecol para o Bob. Hoje ele tem mais de 20 cachecóis de lã, blusinhas e até cobertores. É incrível”, diz o dono. No primeiro Natal que passaram juntos, uma mulher deu ao gato uma meia de natal cheia de presentes e James comprou até uma arvorezinha de Natal. Bob ficou deitado o tempo todo sob a árvore.
 Por duas vezes, ele pensou ter perdido o companheiro. Uma vez, o gato saiu correndo quando um homem fantasiado o assustou. E outra vez, ele foi perseguido por um cachorro. “Eu fiquei apavorado, me senti muito culpado por não ter tomado conta dele como deveria”, lembra James. Mas Bob sempre voltava para ele.

A maior surpresa, porém, foi quando a agente literária o abordou na rua. “Ele me perguntou se que queria contar minha história em livro. Logo tínhamos um contrato e seis meses depois, o livro estava nas lojas. Foi lançado no meu aniversário e foi o melhor presente da minha vida!”.

O livro ficou em primeiro no Reino Unido durante seis meses e continua na lista dos Best-sellers. Um segundo volume já está programado para contar o que a amizade de Bob ensinou ao músico. Com o dinheiro, ele pagou dívidas, contratou um plano de saúde para Bob e uma passagem para que ele possa visitar a mãe na Austrália – com quem brigou há muitos anos. “Eu devo tudo ao Bob”, diz James. “Pela primeira vez, eu senti que tinha uma família. E isso me deu determinação para ter uma vida melhor. Nós estamos seguindo nessa jornada juntos. E que jornada!”

Sobre o filme, as pessoas já começaram a perguntaram quem ele gostaria de ver fazendo seu papel no cinema. “Johnny Depp”, diz ele, “mas ele está um pouco velho, né não?” E Bob. “Nossa, não sei. Ele é o gato mais famoso que existe!”

Por enquanto, os dois vão continuar tocando nas ruas, mas somente duas vezes por semana. “Eu gosto muito de tocar na rua. E Bob adora vir comigo. Para as pessoas, eu nunca digo que sou o dono dele. Somos parceiros, isso sim.”
Fonte:Época
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário