quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Abandono de animais cresce dez vezes na temporada de Verão


Dezembro acabou de começar, as férias da garotada já estão quase aí e muitas empresas entram em período de férias coletivas, dando aquela oportunidade para a família desfrutar de uma viagem mais longa. É uma época do ano muito boa.
Mas a pergunta que fazemos é: onde ficarão seus animais de estimação.
Com frequência lancinante comparados a objetos e muitas vezes adquiridos por impulso – seja porque as crianças insistiam muito por um bichinho – seja porque determinado filme deu em você aquela vontade incontrolável de saber como é ter um animal de estimação – ou até mesmo porque comprar um cachorro grande sai mais barato do que botar alarme na casa.
Independente dos seus motivos – que podem ser muitos – algo que não deve ser negligenciado jamais é que esses animais são seres vivos. Eles sentem fome, medo, dor, passam frio, calor e – acredite você ou não – sentem saudade.
São menos nocivos ao homem do que mais de 70% da espécie humana.
Mas muita gente tende a vê-los como brinquedos: quando se enjoam, ou percebem que cuidar de uma vida dá trabalho, simplesmente jogam fora.
Em Blumenau há o costume asqueroso de amarrar animais em sacos e jogá-los de pontes. Não que eles tivessem maior chance de sobrevivência se estivessem soltos, mas para que isso? E qual é a linha que separa o limite da crueldade com animais da sodomia com pessoas?
Segundo a psicologia, é uma linha tênue. Crianças que demonstram crueldade com bichos apresentam traços psicóticos de personalidade. Não é lenda. É fato. E preocupante.
Mas voltemos a essa data, das festas de final de ano, tão alegres para todos nós!
Você sabia que entre o final de Dezembro e o começo de Janeiro o número de abandono de animais chega a aumentar 1.000%, ou seja, DEZ VEZES?
A Associação Protetora de Animais São Francisco chega a receber mais de 50 denúncias por dia sobre o abandono e maus-tratos sofridos por animais em todo o Brasil. Nos demais meses, o número de denúncias diárias cai pra cinco.
Aqui em Blumenau é comum as pessoas deixarem os portões das casas abertos para que os animais fujam. Ou então os abandonam em estradas – como se não passassem de sacos de lixo – prometendo aos filhos que quando voltarem de viagem comprarão novos bichos, só para que as crianças parem de importunar a família com lamúrias.
Outra prática comum – e também abjeta – é viajar e deixar os animais trancados em casa com um limitado número de água e comida, acreditando que eles vão se virar.
Antes de comprar um animal as pessoas deveriam se perguntam se têm condições financeiras e morais para fazer isso, pois estão adquirindo um ser vivo cuja vida pode chegar – em alguns casos – a ultrapassar os vinte anos.
Entre os animais abandonados estão no topo do ranking cachorros, gatos e cavalos.
Entre os canídeos, as justificativas para o abandono costumam ir de “requer muita atenção” até “suja a casa”. Com os felinos, segundos no ranking, não é muito diferente. Mas é com os cavalos que a justificativa consegue ser pior: “já estava velho”.
Repugnante, mas nada que não se espere de nós – seres humanos – uma espécie que costuma abandonar os próprios pais em asilos com condições indignas simplesmente por estes estarem velhos – depois de tantos anos se esmerando pelo melhor dos filhos – e para não ver a desagradável imagem de um ser humano morrendo dia após dia, enquanto definha.
Assim somos nós, pessoas… seres que, em grande parte, se importam apenas com aquilo que interessa e quando perde o valor, se torna peso morto.
Mas existem pessoas – a maioria, quero crer – que são mais do que meras máquinas de perpetuação da espécie e sobrevivência a qualquer custo. Essas pessoas se importam com os outros. Sejam crianças. Sejam idosos. Sejam animais.
Muitos – como exemplos belíssimos que temos de voluntários da APRABLU daqui de Blumenau – tornam a causa sua própria luta e não se importam em ir para a guerra para proteger àqueles que poucos se importam em proteger. E a esses vãos nossos parabéns. Por saberem que adotar não é apenas uma questão de oportunidade: é um compromisso para a vida toda.
E para os que sempre quiseram ajudar, mas nunca souberam como, vamos dar logo abaixo algumas dicas valiosas que podem fazer toda a diferença nessa causa.
Em primeiro lugar: ABANDONO DE ANIMAIS É CRIME!
A Lei Federal 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, é a principal ferramenta de quem quer proteger a vida selvagem. Em seu Artigo 32 ela diz que “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos tem pena de três meses a um ano de prisão e multa, aumentada de um sexto a um terço se ocorrer a morte do animal”.
E como fazer para que a Justiça seja feita?
Ao testemunhar algum ato de violência ou abandono de animal você deverá procurar a delegacia mais próxima de você para lavrar um Termo Circunstancial (espécie de Boletim de Ocorrência), citando o já mencionado artigo 32 da Lei Federal de Crimes Ambientais 9.605/98.
Se o delegado – ou pessoa que lhe atender – se negar a lavrar o TC, você deverá citar o Artigo 319 do Código Penal que prevê punição ao crime de prevaricação, ou seja, receber a notícia de um crime e mesmo assim se recusar a aplicar a lei.
No caso de demora ou omissão – mesmo que não intencional – por parte da delegacia, o próximo passo é entrar em contato com o Ministério Público Estadual e, através da Procuradoria de Meio Ambiente e Minorias, descrever a situação do animal, qual distrito policial omitiu serviços à denúncia e o nome do delegado que te atendeu.
O contato pode ser feito através de carta registrada, fax ou até mesmo indo pessoalmente ao Ministério Público.
Um fato relevante é que para tudo isso não é necessária a presença de um advogado.
Ainda assim, pedimos encarecidamente para que as pessoas não abandonem seus animais assim como não gostariam de ser abandonadas pelos próprios filhos, ao envelhecer.
Se não tiver paciência de cuidar de uma criatura que será a vida inteira dependente de você, não compre. Se não for para dar carinho e atenção, não adote. Isso evitar dor aos animais, trabalho ao governo e processos que podem terminar em cadeia aos criminosos.
O Brasil é um dos países – em seu nível desenvolvimento – com as maiores estatísticas de abandono de animais. E isso me faz perguntar até que ponto muitas destas pessoas estão preparadas para ter filhos.
Talvez seja algo a ser muito pensado antes de iniciar, mesmo acidentalmente, uma família.

Sobre o Autor

- Ricardo é estudioso de psicologia comportamental cognitiva aplicada à comunicação, publicitário, desenhista, analista de marketing e relações públicas.

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